As bolsas das Havaianas


Não é super novidade mas pouca gente sabe que, logo logo, as Havaianas vão sair dos pés. A tira icônica da sandália mais vendida no Brasil e exportada para mais de 80 países virou acessório de bolsas coloridas. Elas estarão presentes em todas as praias e piscinas brasileiras no verão. Quem apresentou as fotos das novas bolsas bem como as peças gráficas que irão para a mídia nas próximas semanas foi Cíntia Gonçalves, gerente de atendimento da ALMAP BBDO. Parte do evento NBC08, no dia aberto aos futuros alunos de Comunicação do Senac, o case da Melissa foi apresentado.

Baseado muito em anúncios de TV e print, as campanhas das Havaianas ainda não migraram para as novas mídias. Segundo Cíntia, o que foi feito até hoje funcionou. Realmente, as Havaianas conseguiram ser criativas em dois meios bem batidos. Mas já está mais do que na hora de inovar, não é mesmo?

O case da Melissa, apresentado logo em seguida, matou a pau. Esta sim é uma marca que cria objetos de desejo e não meros acessórios de moda. As parcerias da Melissa com a Zaha Hadid, Irmãos Campana, Karim Rashid e Vivienne Westwood são provas que o dinheiro que seria pulverizado em anúncios na Veja, IstoÉ, Globo ou Record pode ser melhor aplicado e gerar mídia espontânea. Deu até no New York Times. Quanto custaria um anúncio ali? Rodrigo Leão, da Casa Darwin, que atende a Melissa falou bem:

– A audiência prefere gastar seu tempo no YouTube vendo um “sapo que peida as músicas de Kurt Cobain” do que esperando a novela começar.

Vicente

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NBC08 – segundo dia

Hoje foi um pouco mais dinâmico do que ontem. Falou-se muito mais das novas maneiras de atingir a audiência atual. Houve uma mesa redonda com jovens da periferia de São Paulo, que contaram seus hábitos na internet e com novas mídias. Resumo: eles usam a internet em lan-houses. Gastam dinheiro mas se sentem ignorados pelas marcas. Tim Festival, Skol Beats, marcas que eles consomem, fazem eventos para a elite. A classe C desponta mas está desapontada com as marcas.

O jovem brasileiro é mais conectado em comunidades. Orkut é indispensável para a grande maioria. A vida não funcionaria sem a internet.

Tim Lucas da TWRAmericas com os jovens da periferia de São Paulo

Falou-se também da dificuldade das empresas em iniciar o diálogo com o consumidor por medo das opiniões que vão receber. Oras, se a empresa tem medo da crítica, é porque não confiam em seus serviços. Mas melhor trazer o diálogo para seu entorno e moderá-lo, dar respostas, engajar do que ficar sentado vendo o tempo passar.

Um caso clássico foi um vídeo do YouTube que um cliente da Comcast (a NET americana) fez do técnico da empresa dormindo no sofá de sua casa enquanto esperava na linha para falar com o suporte no 0800. Hilário. Mostrou como sofremos na mão desta gente. Tem mais views no YouTube do que qualquer comercial da empresa. E isto há dois anos! No YouTube, a Comcast é aquela merda. Qual a reação deles? Escreveram um press release!!!! Bunch of nonsense!

Outra palestra interessante foi a de Richard Monturo, do BRIC Pop. Ele viajou durante dois meses por 40 cidades do Brasil, China, Índia e Rússia. Segundo ele, acabou aquela era em que as grandes agências do “mundo civilizado” ditavam como seria a comunicação no mundo “subdesenvolvido”. Geralmente olhados com “pena” pelos “brancos de Madison”, que faziam mensagens simples e fáceis de digerir porque “gente daqueles países não é tão culta como nós”. Bem, they were VERY wrong.

O que vem acontecendo por aqui é uma revolução na maneira da cultura se difundir pelo planeta. Serão os BRICS que terão as bandas cool, as marcas desejadas, os escritores lidos, as histórias que conseguem engajar. Veremos.

No final do dia, depois de muita informação para digerir, um último painel com todos os palestrantes. Perguntas da platéia. Discussão. Mas ficou no ar a pergunta: conseguiremos nós brasileiros “cut the bullshit”? As perguntas elaboradas, como se fossem para um Senador ou professor emérito de história confundem o estrangeiro (lembram da vergonhosa entrevista da Marília Gabriela com a Madonna?). Temos que ir direto ao assunto, fazer, por em prática. Quem anda na frente do trem tem o direito de errar pois nenhum caminho ou fórmula ainda foi traçado.

Painel com os “mestres

NBC08 – primeiro dia

Era para começar às 09:00. Quinze minutos antes, todos os palestrantes estavam lá. Vindos diretamente de Guarulhos, depois de horas de vôo de Londres ou Tokyo. Outros vieram de ressaca depois de experimentar caipirinhas, saquerinhas e rodas de samba.

Mas o detalhe foi que a parte técnica do evento não estava pronta. Falta instalar microfones, câmeras, telas. E quem vinha para assistir à palestra demorou para chegar. Realmente, vir do Morumbi, Jardins ou Higienópolis até o Campus Universitário do Senac deve ser “complicado”. Vergonha nacional: conseguimos atrair o supra-sumo das tendências internacionais para falar para nós sobre o que está acontecendo e nos atrasamos. Pode ser que eu esteja um pouco colérico, mas este é o nosso problema aqui no Brasil. A gente está se atrasando. O mundo está no trem, o trem pegando velocidade na estação e nós, brasileiros, correndo com as malas na mão, gritando para o trem parar. No final a gente se pendura na escadinha e sobe.

Cada um com seu MacBook ou iPhone plugado no Twitter ou no MSN mas chegando aos poucos

Bem, depois que tudo estava pronto e, com uma hora de atraso, as palestras começaram, valeu a pena cada segundo de espera. A mensagem principal do dia foi: as marcas precisam contar histórias que sejam verdadeiras e relevantes aos consumidores. Por um lado, nada de muito novo. Alguns exemplos, que para minha surpresa a platéia paulistana “antenada” estava alienada como QR codes, Zaha Hadid for Chanel, Innocent Juices, Method Cleaning Products! Quem lê o pulpsalsa sabe destas coisas há meses!!!

No final, depois de ver bastante coisa interessante fiquei orgulhoso da Pulp. A gente se acha as “formiguinhas” de Curitiba mas estamos totalmente antenados com o mundo. Vemos com os mesmos olhos deles, estamos nos mesmos locais que os “big guys”. E ainda melhor: enquanto eles quebravam a cabeça para buscar exemplos de marcas revolucinárias, não saiam do óbvio: Apple, Google, blá blá blá! E a Vueling, Viagra, Tcho, Absolut, Hermès, Bombay Saphire?

A melhor maneira de ser diferente é através do design

Outra questão que coloquei na mesa foi: daqui a um tempo a grande maioria das empresas vai ter sua galeria de arte, seu blog, vai estar no twitter, vai deixar os clientes personalizarem suas experiências, etc. Enfim, tudo isto vai ser “normal”. E então? Para que lado as marcas vão seguir para se diferenciar???

Para Rafael D’Avila e Sebastián Stagno, da Madre (Buenos Aires), a saída é “pasarla bien”. Quando os criativos, antropólogos, médicos, atendimentos, clientes se juntam e se comprometem com a idéia a ponto de se divertirem, “a coisa dá certo”. O case do perfume “Ame América” da Natura, com o filme sobre as fronteiras do nosso continente, foi RELINDO!